Às leitoras e aos leitores...

O intuito deste blog é facilitar a comunicação, fazendo circular a informação e promovendo conexões de idéias e pessoas que se interessam pela capoeira angola.
As opiniões são pessoais e, portanto, de minha inteira responsabilidade, não correspondendo necessariamente a qualquer posição oficial do Grupo Nzinga.
Peço licença às mestras e mestres, de hoje e de sempre, para humildemente participar nessa roda. Sou um aprendiz. Procurarei mantê-lo atualizado e espero que seja de algum jeito útil.
Um abraço!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Pastinianas

O que é pra você ser seguidor do Mestre Pastinha?
Acho que vale a pergunta.
Afinal, não são poucas as pessoas que professam fazer parte de sua descendência capoeirística.
Certo, um aspecto é pertencer à linhagem, aprender com um mestre ou uma mestra que venha da escola dele.
No entanto, também imagino que ninguém vá discordar de que não basta vestir o famoso amarelo e preto para honrar a herança do Grande Mestre.
Todos sabemos que Vicente Ferreira Pastinha foi um grande pensador da capoeira, que buscou ir além do aspecto puramente físico, preocupando-se com a formação integral do capoeirista.
Isso se comprova no que sabemos sobre a maneira como ele jogava capoeira e também nos poucos e preciosos escritos que nos deixou, às vezes não mais do que pequenas frases, mas cheias de sabedoria, umas mais, outras menos conhecidas.
Mestre Poloca costuma enfatizar um lado desse pensamento “pastiniano”, tantas vezes invocado e cantado por aí, mas nem sempre praticado, na roda e na vida.
Pensem em coisas muito simples - como a cortesia, a amorosidade, o respeito ao outro, a calma, o tempo como fundamento do aprendizado, a necessidade de regras - , mas que fazem toda a diferença.
Para comprovar, basta ir à "fonte".
Então, vejam aí algumas citações extraídas dos "Manuscritos do Mestre Pastinha", da conhecida edição com comentários organizada pelo Mestre Decânio, discípulo do Mestre Bimba.

Com a palavra, o velho Vicente:

“...é minha fé de oficio, capoeirista sou; tive bom mestre, tenho provado, só dou valor a este, porque tem tudo que é de bom...”

“Eu ti digo, comecei a educar-me nesse jogo, por força de vontade, e não foi com trez meses, ou com menos, porque o tempo é muito pouco, poristo é que eu pinoteio, salto, tenho agilidade, tenho manhas, jogo no corpo, dibre para me livra do agressor, sirvo-me dos pés, da cabeça,...”

“A capoeira é a segunda luta? Porque a primeira é a dos caboclos, e os africanos juntou-se com a dança, partes do batuque e parte do candombrê, procuraram sua modalidade.”

“Os mestre não pode ensinar com discortez nem de modo àgresivo, não.”

“O bom capoeirista nunca se exalta procura sempre estar calmo para poder reflitir com percisão e acerto; não discute com seus camaradas ou alunos, não toma o jogo sem ser sua vez; para não aborrecer os companheiros e dai surgir uma rixa; ensinar aos seus alunos -sem procurar fazer exibição de modo agresivo nem apresentar-se de modo discortez...”

“A luta provida pelo puro egoismo, é como a luz da razão; é violenta, feroz e brutal.”

“Infelizmente grande parte dos nossos capoeirista tem conhecimento muito incompleto das regras da capoeira, pois é o controle do jogo que protege aqueles que o praticam para que não discambe exesso do vale tudo,...”