Às leitoras e aos leitores...

O intuito deste blog é facilitar a comunicação, fazendo circular a informação e promovendo conexões de idéias e pessoas que se interessam pela capoeira angola.
As opiniões são pessoais e, portanto, de minha inteira responsabilidade, não correspondendo necessariamente a qualquer posição oficial do Grupo Nzinga.
Peço licença às mestras e mestres, de hoje e de sempre, para humildemente participar nessa roda. Sou um aprendiz. Procurarei mantê-lo atualizado e espero que seja de algum jeito útil.
Um abraço!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Reinos da África Central - sec. XV




Sabedoria kongo e capoeira angola

Dando continuidade ao post anterior, compartilho com vocês alguns provérbios desses povos banto da região do antigo Reino do Kongo.
Esses que selecionei tratam do tema comunidade. Foram tirados do livro "African Cosmology of the Bantu-Kongo: principles of life & living", de Kimbwandende Kia Bunseki Fu-Kiau.
Penso que eles podem nos ajudar a refletir sobre nossas vivências de grupo na capoeira angola, no que diz respeito a aspectos como o papel da hierarquia, a religiosidade, a tradição, o cuidar do outro, o pertencimento, a paciência para aprender e a aceitação consciente dos fundamentos de sua comunidade.

Bom proveito:

"A comunidade já existia antes de você"

"A liderança da comunidade previne problemas e conflitos em seu interior"

"Se você conhece a comunidade, conhece Deus"

"Deus existe na comunidade"

"Me diga os princípios antigos para que possa compreender os novos"

"Dentro da comunidade todos têm o direito de ensinar e serem ensinados"

"A comunidade é um canal: as pessoas vão, as pessoas vêm"

"Não procure o centro das ondas sociais, se você não pertence ao interior da comunidade e seu sistema"

"Coma, beba, e então durma, pois você ignora como a aldeia foi construída"

Herança kongo

Kongo foi um grande império da África Central, cobrindo a área onde hoje estão a República Democrática do Congo, o Congo-Brazzaville, Angola e Gabão.
Ali habitavam povos tais como os bakongo, os luba, os bemba, os lunda, os umbundo e os ovimbundo, dentre outros.
No geral, pode-se afirmar que esses povos compartilhavam não só uma jurisdição política, como membros ou tributários do Reino do Kongo, mas principalmente uma visão de mundo de tronco comum. E de além-mundo, vale destacar.
Durante muitos anos, um grande número de pessoas desses povos foi trazido para o Brasil, partindo de portos africanos como Luanda, Benguela e Pinda.
Dessa forma, como não poderia deixar de ser, herdamos deles diversas manifestações culturais, artísticas e espirituais.
Entre elas, provavelmente está a capoeira angola, que terá nos chegado em semente, na forma de danças e lutas rituais, tais como o ngolo, a dança da zebra.