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O intuito deste blog é facilitar a comunicação, fazendo circular a informação e promovendo conexões de idéias e pessoas que se interessam pela capoeira angola.
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Peço licença às mestras e mestres, de hoje e de sempre, para humildemente participar nessa roda. Sou um aprendiz. Procurarei mantê-lo atualizado e espero que seja de algum jeito útil.
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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Do cultural ao multi-cultural

Quero comentar o livro The Hidden History of Capoeira: a collision of cultures in the Brazilian battle dance, de Maya Talmon-Chvaicer (University of Texas Press, 2008).

O título em português, se ele vier a ser editado em nossa lingua, poderia ser "A história oculta da capoeira: uma colisão de culturas na dança-luta brasileira".

Ele chama a atenção pois é o primeiro no gênero que vai por uma linha histórica-cultural-social, combinada com pesquisa antropológica, como diz a autora.

Eu acho essa abordagem muito interessante, pois ajuda a entender de uma maneira mais completa as origens de tantas coisas na capoeira. Aliás, eu mesmo já escrevi aqui no blog sobre a conexão entre cultura banto-kongo, aús e bananeiras, por exemplo.

O livro tem muita informação interessante e dá seguimento a uma das "tradições" atuais da capoeira: é provável que os Estados Unidos sejam o país onde mais se publica sobre o tema da capoeira, principalmente juntando muita pesquisa (sem desmerecer o fato de que o livro tem origem na tese de mestrado de Maya, defendida na Universidade de Haifa, Israel). Na área acadêmica, talvez nem o Brasil rivalize.

É evidente que isso acontece na proporção em que a arte conquistou corações, corpos e mentes ao norte do Rio Grande, aquele lá da fronteira com o México...

A gente deve estar conscientes de que isso tem conseqüências sobre a própria história da capoeira. Seja no que vem pela frente, a forma como ela será praticada e entendida no futuro, ou na maneira como o passado é contado e interpretado.

Cada pessoa que começa a aprender a capoeira angola vai combinar, de uma maneira única, sua bagagem pessoal com os ensinamentos tradicionais, ancestrais, passados por seu mestre.

Consigo, como sabemos, cada pessoa traz não apenas seu jeito de ser, sua personalidade, mas também sua cultura, herança da vida em sociedade. E as comunidades da capoeira são, - e com certeza serão, cada vez mais multi-culturais.

Nada mais natural, aliás, já que a capoeira certamente tem em si diversas influências culturais, que se fertilizaram mutuamente no Brasil da diáspora africana, assim como em contato com a matriz européia-portuguesa e a das nações indígenas que viviam nesse território.

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